Poluição do ar e os danos à saúde humana

Autor: MSc. Eng. Ademilson Ribeiro | Mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial

O que é poluição do ar?

A poluição do ar é um dos mais poderosos impactos ambientais conhecidos com danos significativos sobre a saúde humana, sobre a economia, sobre a vegetação e sobre os materiais – com origem majoritariamente em processos de combustão. Especificamente no caso da saúde humana, é um agente agressivo, principalmente em crianças, idosos e pessoas vulneráveis com baixa imunidade ou doenças cardiorrespiratórias. Tem poder de alcance imprevisível, propagação incerta, de difícil controle e pode apresentar toxicidade aguda ou crônica, a depender do contaminante, da concentração e do receptor.

O ar e sua importância à vida

Infelizmente o ar puro não existe na natureza, se existisse, este seria composto somente por oxigênio e nitrogênio, porém o ar com o qual convivemos contém vários compostos gasosos como gás carbônico e vapor d’água (essenciais à vida) e outros poluentes nocivos, em maior ou menor grau.

Quando comparado às outras demandas que sustentam a vida humana, o ar é o protagonista em relação aos demais. Um homem adulto requer cerca de 15kg de ar, 1,5kg de alimento sólido e 2 litros de água. Estima-se que uma pessoa consiga sobreviver por 5 semanas sem alimento, 5 dias sem água e não mais de 5 minutos sem ar. Nesse sentido, a má qualidade do ar, ou poluição, tem um enorme espectro de doenças associadas, e, genericamente, estudos associam a exposição das pessoas à poluição atmosférica ao aumento da mortalidade e da morbidade. 

Principais causas da poluição do ar

Tecnicamente existe poluição atmosférica quando o ar contém uma ou mais substâncias químicas em concentrações suficientes para causar danos à saúde humana, em animais, vegetais ou em materiais. Na rotina urbana, entre outros, os principais poluentes gerados pela atividade humana, aos quais as pessoas mais estão expostas são:

  • Material particulado: partículas de materiais sólidos ou líquidos capazes de permanecer em suspensão. Ex: as poeiras levantadas pelo vento, partículas de óleo dos escapamentos, pólen, fuligem de queimadas etc.
  • Monóxido de Carbono (CO): gerado a partir da queima incompleta de combustíveis ou outros materiais orgânicos. Ex: motores desregulados, fornalhas, torrefação, queimadas etc.
  • Óxido de Enxofre (SO2 e SO3): produzidos da queima de combustíveis que contenham enxofre em sua composição. Ex: queima de óleo diesel em motores.
  • Hidrocarbonetos: lançados no ar devido a queima incompleta dos combustíveis nos motores, da evaporação de combustíveis ou solventes orgânicos.
  • Ruído: é a emissão de uma forma de energia para o meio ambiente em ondas de som com intensidade capaz de promover danos à saúde humana e de outros seres vivos

O calor é outro personagem que aparece nas emissões das áreas urbanas, pois gerado em processos de combustão, contribui para o fenômeno das ilhas de calor, agravando o desconforto térmico e potencializando os efeitos dos demais poluentes.

Soluções e alternativas

Na rotina urbana, onde um número maior de pessoas está exposto à poluição atmosférica, medidas de controle podem ser adotadas, de forma particular ou coletiva, para reduzir a emissão de agentes poluidores ou ainda para se proteger dos poluentes.

  • Implantação de monitoramento da qualidade do ar nos pontos mais críticos da cidade.
  • Criação de zonas de baixa emissão através do distanciamento entre a rotina urbana dos cidadãos e as atividades industriais ou logísticas que geram maiores emissões
  • Incentivo ao uso do transporte público, oferecendo serviço de qualidade e pontual.
  • Melhoria da mobilidade para pedestres e ciclistas através da implantação de calçadas e ciclovias contínuas e seguras.
  • Incentivo ao uso de veículos elétricos ou híbridos.
  • Fiscalização das emissões dos motores dos veículos, principalmente dos movidos a diesel.
  • Fiscalização e cumprimento dos níveis de ruídos regulados em lei, de acordo com os horários.
  • Redução e remoção de lombadas (quebra-molas) desnecessários que tiverem sido implantados sem justificativa técnica (essas barreiras físicas intensificam as emissões dos motores).
  • Implantação de áreas verdes (parques) e de cortina vegetal ao longo das vias mais movimentadas da região urbana.

Conclusão

É essencial focar nos principais poluentes que impactam diretamente a qualidade de vida nas áreas urbanas, deixando claro que o dióxido de carbono (CO₂), apesar de amplamente discutido, não é o mais imediato nessa questão. Implementar medidas eficazes de controle da poluição do ar é crucial para melhorar a saúde pública. Compreender o problema e avançar na criação de políticas públicas voltadas à requalificação da qualidade do ar pode reduzir drasticamente a exposição da população a poluentes nocivos. A conscientização social sobre os riscos da poluição, aliada à promoção de práticas mais limpas e sustentáveis, representa um passo vital para mitigar os impactos negativos à saúde humana, ao meio ambiente e à economia, assegurando uma rotina mais saudável e equilibrada.

Referências:

BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 3. ed. São Paulo: Pearson; Porto Alegre: Bookman, 2021.

DERISIO, José Carlos. Introdução ao controle de poluição ambiental. 5. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2017.

MOUVIER, Gérard. A poluição atmosférica. Lisboa: Flammarion, 1995. (Collection Dominos).



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