Lombadas: Efeitos Colaterais Desses Redutores de Velocidade
Autor: MSc. Eng. Ademilson Ribeiro | Mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial
As lombadas, ou ondulações transversais, são dispositivos amplamente utilizados para a redução de velocidade em vias urbanas e rodovias, especialmente em áreas de grande tráfego de pedestres. Contudo, sua instalação deve ser considerada a última alternativa, conforme a Resolução nº 600/2016 do CONTRAN e o art. 94 do CTB. Entende-se assim que existem soluções menos invasivas e mais eficazes para a gestão do trânsito e redução de acidentes. Neste artigo, abordarei os aspectos negativos das lombadas, frequentemente negligenciados, incluindo emissões de poluentes, ruídos, vibrações e danos à saúde pública.
A Legislação e as Alternativas
De acordo com a legislação, a instalação de lombadas deve ser precedida de estudos técnicos que demonstrem sua necessidade, analisando índices de acidentes, velocidade e eficácia de alternativas como sinalização e dispositivos sonorizadores.
Entre as alternativas, destacam-se:
• Redesign da via: Alterações no traçado, criação de cruzamentos elevados e estreitamento de faixas.
• Sinalização e fiscalização eletrônica: Placas, semáforos e radares.
• Campanhas educativas: Conscientização sobre os riscos de alta velocidade.
Emissões Atmosféricas
A desaceleração e aceleração frequentes em vias com lombadas elevam o consumo de combustível e a emissão de poluentes, como SO2 (dióxido de enxofre), CO (monóxido de carbono), NOx (óxidos de nitrogênio) e PM (partículas finas). Esses poluentes são especialmente prejudiciais em áreas urbanas densamente povoadas, onde a qualidade do ar já é comprometida.
Danos à Saúde Humana
As lombadas afetam a saúde dos residentes locais de diversas formas:
• Doenças respiratórias: A exposição prolongada a poluentes agrava condições como asma, bronquite e infecções respiratórias, aumentando hospitalizações e a prevalência de sintomas como tosse e hipersecreção pulmonar.
• Problemas cardiovasculares: A poluição do ar e o ruído constante aumentam o risco de infarto e hipertensão.
• Distúrbios do sono e estresse: O ruído e as vibrações prejudicam a qualidade do sono e o bem-estar psicológico.
• Lesões físicas: Vibrações repetidas podem agravar problemas na coluna vertebral, especialmente em motoristas de veículos pesados.
Ruídos e Vibrações
O tráfego sobre lombadas gera ruídos que podem atingir níveis prejudiciais à saúde auditiva e mental. Vibrações constantes podem comprometer estruturas próximas, causando danos a edificações e desconforto aos moradores.
Impactos Econômicos
O desgaste provocado pelas lombadas, geralmente construídas fora das normas, exige maior manutenção dos veículos, resultando em custos adicionais.
As Principais Vítimas
Os impactos negativos das lombadas afetam mais intensamente:
• Crianças e idosos: Mais vulneráveis a ruídos e poluentes.
• Pessoas com doenças preexistentes: Respiratórias ou cardiovasculares.
• Moradores próximos: Sofrem com ruídos, vibrações e poluição constante.
Conclusão
O uso de lombadas deve ser criterioso, respeitando a legislação que as define como última alternativa. Um planejamento urbano integrado é essencial para equilibrar segurança viária e qualidade de vida. Soluções alternativas e mais sustentáveis, como faixas elevadas e monitoramento contínuo, devem ser priorizadas para reduzir impactos negativos à saúde pública e ao meio ambiente.