Impermeabilização do solo: benefícios ou riscos?

Autor: MSc. Eng. Ademilson Ribeiro | Mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial

Meio ambiente e equívocos urbanos

A impermeabilização do solo é uma prática amplamente exigida pelos órgãos ambientais, muitas vezes respaldada por legislações específicas. A ideia é proteger o solo de possíveis contaminações, como vazamentos de óleo ou substâncias contaminantes diversas, além de facilitar uma drenagem controlada.

Embora a intenção seja válida, ocorre que, em áreas urbanas densamente ocupadas, essa solução pode gerar impactos colaterais graves. Entre eles, destacam-se o aumento de enchentes, a redução da capacidade de recarga do lençol freático e a piora da qualidade de vida urbana. Esses efeitos negativos, frequentemente subestimados, representam um risco de grau mais elevado (frequente e danoso) do que o risco eventual de contaminação que a impermeabilização busca prevenir.

Problemas:

  • A impermeabilização de grandes áreas urbanas, como ruas, estacionamentos e calçadas, impede a infiltração natural da água da chuva no solo, desencadeando uma série de problemas ambientais e de saúde.
  • Com o aumento do escoamento superficial, os sistemas de drenagem se sobrecarregam, aumentando a frequência de inundações.
  • O escoamento de grande volume de água arrasta resíduos urbanos, poluentes e sedimentos para os corpos d’água receptores, dificultando seu tratamento e comprometendo sua qualidade.
  • A sobrecarga no sistema de drenagem e o colapso momentâneo durante chuvas intensas facilitam a proliferação de doenças de veiculação hídrica (transmitidas pela água), como leptospirose por exemplo.
  • A falta de infiltração também prejudica a disponibilidade de água subterrânea, agravando o estresse hídrico em áreas que dependem da captação de água subterrânea para abastecimento e a manutenção de ecossistemas locais.

O que fazer:

A European Environment Agency (EEA) aponta que a impermeabilização do solo é um dos principais fatores responsáveis pelo aumento das enchentes e pela degradação da qualidade da água em áreas urbanas. Para mitigar esses impactos, algumas medidas práticas podem ser adotadas: incentivar o uso de pavimentos permeáveis em vias secundárias, estacionamentos e calçadas; instalar jardins de chuva em praças, espaços públicos e áreas pavimentadas; implementar canais de infiltração ao longo de avenidas e zonas de estacionamento; realizar manutenção periódica nos sistemas de drenagem; incentivar a coleta e reutilização das águas da chuva; e revitalizar áreas verdes. Essas soluções ajudam a minimizar os efeitos da impermeabilização do solo e promovem maior qualidade de vida para os moradores urbanos.

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